terça-feira, 6 de junho de 2017

GRAMÁTICA HISTORIOGRÁFICA DO BRASIL (1930-2017)

             
José Paulo

Por uma sociologia gramatical historiográfica


                                                      INTRODUÇÃO



Desde 1930, a atmosfera da tela gramatical da política brasileira estava envolvida em uma fina película de confusão ideológica. A própria linguagem do jornalismo se viu atingida por tal atmosfera (Amaral: 153):
“As expressões clássicas de direita e esquerda e os rótulos ultra-modernos de escolas e doutrinas da atualidade podiam ser distribuídos quase ao azar, tão rápida e surpreendentes eram as evoluções em que as peças do jogo político se deslocavam de um campo para outro sob a pressão de circunstâncias ocasionais e de incidentes efêmeros”. (Amaral: 154).

Hoje, os jornalistas não conseguem identificar – para efeito de entrevista e programas de debates – direita e esquerda, consistentemente, e a linguagem política está um caco velho de vídeo quebrado na sarjeta.

A linguagem científica põe mais dúvidas, reticências e senões e incertezas do que certezas, e verdades ou o verdadeiro sobre o mundo das coisas políticas da atualidade de junho 2017. Por esta razão uso a linguagem marxista clássica brasileira e a linguagem da ciência da política gramatical de Azevedo Amaral como a forma de comunicação desse meu texto. O leitor habitual pode ficar entediado, mas os problemas tratados são problemas tratados pelas ciências gramaticais da política como a psicanálise gramatical, a sociologia gramatical e no protagonismo da tela em questão a historiografia gramatical.            

                                                                                               I
A gramática se refere ao saber ler e escrever corretamente. Ela está associada ao saber raciocinar como dialética da antiguidade e à retórica: arte de compor discursos e persuadir as massas na politeia. O saber ler e escrever é uma condição para o exercício oral da cultura da política em narrativa econômica gramatical.

Na politeia não se trata de “gramática de poder” dar ordem e obedecê-la, inequivocamente. Trata-se de luta gramatical (o saber ler e escrever como arma do debate oral ou escrito) e diálogo com vistas ao convencimento. Aqui entramos na seara da dialética que é a arte de compor discurso e de convencer as massas na polis por persuasão.

A gramática dizia respeito a articulação interna da língua, a manipulação das ferramentas linguísticas e estruturais. A dialética estabelece uma relação de reciprocidade entre interlocutores, pois, não há esforço argumentativo que não subtenda uma espécie de paridade intelectual. A dialética conecta um sistema de signos e um mundo objetivo, colocado pelos interlocutores em posição de mediador. Serão as proposições verdadeiras ou falsas e por quê? De que maneira elas correspondem a um estado do mundo? (Spestein: 82). A gramática em extensão das ciências gramaticais da política compreende a dialética da antiguidade e da era medieval. Ela ´pode conter a retórica quando se trata da politeia?

Na modernidade, a política da dialética materialista gramatical torna-se uma lógica da relação antagônica do significante teoria/prática. De fato, trata-se de uma gramática dialética materialista racional em narrativa lógica das contradições entre teoria e prática que em extensão abarca a retórica. Os autores lidos aqui são gramaticalizados ´pela gramática teoria/prática deles.    
                              
                                         A GRAMÁTICA DA POLÍTICA CUM A CULTURA DA CIDADE  

Em um livro escrito entre o Rio (de Luciano Martins) e Santiago (de Enzo Faletto), entre outros, FHC pensa a política pela relação entre ideologia e sociedade de classes. Trata-se das ideologias da burguesia industrial latino-americana, especialmente, Brasil e Argentina.

Meu interesse inicial é explorar a diferença (abissal) entre a ciência política de FHC, a historiografia de Caio Prado e a sociologia marxista de Florestan Fernandes e Octávio Ianni. Eles fazem parte da cultura da política da cidade de São Paulo e, em alguma medida, ligados à história de uma instituição cultural da cidade: a Universidade de São Paulo (USP). Como eles acabam por fazer parte de um debate com Azevedo Amaral?

Começo com a concepção de política marxista do livro de FHC. Por quê? Porque o PCB fez do marxismo a ideologia dominante da cultura da política econômica nacional fazendo pendant com a ideologia getulista (populismo aristocrático proletário (de viés fascista em duas conjunturas [1930-33 3 1937- 43] da história nacional) e de viés democrático nacional-trabalhista em 1954.Não um sujeito Getúlio Vargas; e sim dois sujeitos gramaticais efeitos de dois significantes gramaticais: ditadura fascista populista e democracia trabalhista.

Azevedo Amaral iniciou uma discussão sobre o fascismo de Getúlio que é o ponto de partida de nossa exploração historiográfica gramatical de 1930-2017. O espaço público procedural incluindo Caio Prado Júnior, Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique e seu rhetor percipioAzevedo Amaral é o fio condutor dessas mal traçadas linhas textuais.  
                                                               
                                                                      II

O getulismo não é a política da simples dominação para usar a língua de Gramsci que FHC já conhecia na década de 1960, em italiano (FHC. 1971: 5). O getulismo usava a cultura de seus intelectuais (alguns ligados ao marxismo) para disputar com o PCB a articulação da hegemonia junto às massas proletárias urbanas e, no final do populismo democrático trabalhista, disputou a hegemonia junto às massas rurais.

A desterritorialização da noção de política marxista-leninista virtual na URSS e sua reterritorilização no Brasil, ao menos, é um erro crasso de uma linguagem de ciência política como abstracionismo da realidade como sublinhou um marxista aqui em tela (Prado Jr:13). A origem marxista de FHC o coloca no marxismo mecanicista que crê que a cópia (marxismo do PCB) é igual ao original (marxismo-leninismo). 

Basta folhear o livro de Jacques Texier (Revolução e democracia em Marx e Engels) para ter noção de que a concepção de política que FHC atribuiu à esquerda é stalinista:
“y finalmente, en la tradición marxista se hará hincapié para caracterizar específicamente la política en una sociedad de clases, en la apropriación de los mecanismos de violência (incluso del Estado) por una clase, y en el ejercicio de la violencia como práctica habitual o rutinaria”. (Cardoso: 17).

A ideologia stalinista é o texto virtual de referência da ciência política de FHC e não a cultura política como valores compartilhados (FHC: 18) intencionalmente pelos atores marxistas na gramática teoria-prática do PCB, isto é, na vida da política do partido marxista em realização possível ou em atualização da teoria marxista, mesmo que precariamente; a referência de FHC é o texto do partido marxista stalinista abstrato sem ser virtual em relação à realidade brasileira.

Na demolição do maître de FH Caio Prado à política do PCB trata-se de uma crítica ao texto virtual ideológico escrito por membros stalinistas do partido, não é uma crítica ao PCB como um partido marxista presente na articulação da hegemonia da cultura da política da economia nacional democrática. FHC e Caio Prado partilham do mesmo equívoco ao tomar o escrito ideológico stalinista virtual eleito como a própria atualização da política. Esta, com efeito, se atualiza não como ideologia stalinista, mas como cultura política garantida por valores marxistas democráticos encontrados nos textos do Quaderni del Carcere (publicação da década 1940) em Gramsci e que pode ser conferido em um livro da década de 1990, de Jacques Texier (Texier: 16).

Em Caio Prado, a política marxista do PCB aparece como uma política revolucionária desviante do sentido de revolução em um sentido científico (Prado Jr.: 1). O texto da revolução do PCB é virtualmente metafísica e que atualiza uma prática revolucionária equivocada. À metafísica revolucionária do PCB se contrapõe à ciência da política marxista (Idem:5-6).

A dialética materialista mundial é entre capitalismo versus socialismo, pois, o livro A Revolução Brasileira é de 1966 (Idem:6). Na década de 1960, o mundo está dividido entre os países capitalista e países socialistas e suas zonas de influência respectivas. Vive-se a era da Guerra Fria que foi determinante no golpe de Estado de 1964 e na subsequente instalação de um Estado militar de aparência de semblância liberal do general Castelo Branco até 1968.

O livro de Caio Prado é publicado nessa conjuntura de 1966 que não é ainda a conjuntura da guerrilha urbana ou rural marxista. Mas é uma conjuntura na qual excetuando o PCB, toda a esquerda fragmentada em inúmeras organizações e partidos revolucionários fez da luta armada a tática de sua prática política. Esta esquerda parece ser movida pela noção de FHC da política marxista supracitada e que refrescamos para a memória do leitor:
““y finalmente, en la tradición marxista se hará hincapié para caracterizar especificamente la política en una sociedad de clases, en la apropriación de los mecanismos de violência (incluso del Estado) por una clase, y en el ejercicio de la violencia como práctica habitual o rutinaria”.

A esquerda armada vai combater o Estado militar da sociedade de classes, a forma ditatorial de Estado militar fascista do grande capital:
“Foi assim que cresceu muito, aprofundou-se talvez como nunca, a dissociação entre o Estado fascista, a serviço do bloco de poder comandado pelo imperialismo, e amplos setores da sociedade civil, destacando-se as classes subordinadas e oprimidas, principalmente os operários e camponeses”. (Ianni. 1981: 174-175).  

Ianni diz que desde 1964, o Estado militar é governado pelo “SISTEMA REVOLUCIONÁRIO”.
Trata-se do Estado fascista invisível por dentro do Estado militar-civil visível:
“Esse caráter do Estado, em face de amplos setores da sociedade civil, em especial em face da classe operária e do campesinato, esse caráter logo se se configurou em um singular aparelho, conhecido como o ‘Sistema’, que passou a governar o país. Desde que se instalou a ditadura, a sociedade brasileira passou a ser governada pelo que os próprios governantes passaram a dominar ‘Sistema’ ou ‘Sistema Revolucionário’. (Ianni. 1981: 180).

O que não foi dito até hoje é que o “Sistema” é a força prática burocrática revolucionária militar-civil fascista:  Kraft der Praxis der bürokratische revolutionäre, na língua de Marx.   

No lugar da política como dominação e hegemonia, o golpe militar instalou um Estado fascista invisível na tela da impolítica da era militar no Brasil. Sobre o Estado militar na América Latina, o livro de Alain Rouquié é uma obra de consulta obrigatória.

Rouquié vê a construção do Estado militar como efeito do significante populismo e seu projeto de desenvolvimento nacional entre 1953-1954 (Rouquié: 331). Alain fala de uma fração política militar da ESG (Escola Superior de Guerra) à qual está associada a UDN militar e a Okhrana dos EUA da Guerra Fria (CIA, FBI, especialmente) que planejam o assalto ao Estado da democracia populista de João Goulart (Rouquié: 333, 329). Hoje, a cadente indagação que tem que ser respondida (se não o foi por Alain e Caio Prado) nas ciências gramaticais da política é se este bloco cultural da política americano-brasileira instala, de fato, um Estado fascista militar bürokratische revolutionäre no Brasil.
Alain pensa 1964 como uma forma de governo castelista democracia vigiada. Para ele, só o ato institucional n°5 instala juridicamente a forma de um governo ditatorial a partir de 1968 (Rouquié: 334).

O Estado 1968 se constitui assim:
“E se o Estado pode facilmente substituir a nação, e absorver ou sufocar a sociedade civil, não é surpreendente que seu núcleo central venha por sua vez a substituí-lo (...) Os militares não são os ‘cães de guarda’ da oligarquia ou do grande capital, mas sim os guardiões do Estado, que é liberado por eles dos agentes considerados, por eles próprios, perigosos e inúteis”. (Rouquié: 336).

Rouquié vê na história militar do Brasil o efeito da instalação historial de um ‘estado administrativo’:
“Existe uma continuidade, entre o general Góes Monteiro, clamando em 1937 por um ‘aumento progressivo do poder do Estado’, ‘para regular toda a vida da coletividade’, até o general Médici que se tornou presidente justificando, em 1970, a supressão da democracia liberal, pelas ‘violentas mutações da estrutura socioeconômica’ em uma fase de industrialização planificada. O sonho tenentista de uma modernização conservadora executada por um Estado ‘despolitizado’ realiza-se finalmente depois de 1964. O único grande corpo burocrático do Estado funda o ‘estado administrativo’ ”. (Rouquié: 337).   

Tal “Estado administrativo” se parece com o Estado fascista de Octávio Ianni se tomarmos sua forma de governo como a de um Estado pós-capitalista de uma bürokratie fascista. Rouquié se aproxima da definição de Ianni de um Estado bürokratie fascista militar avant la lettre:
“E se o Estado pode facilmente substituir a nação, e absorver ou sufocar a sociedade civil, não é surpreendente que seu núcleo central venha por sua vez a substituí-lo.

Dessa forma também o Exército, garantia dessa preeminência e desse papel, erige-se facilmente em administrador da máquina estatal. Suas intervenções repelem os grupos sociais, as forças políticas que opõem obstáculos a seu funcionamento ou à sua expansão. Os militares não são os ‘cães de guarda’ da oligarquia ou do grande capital, mas sim os guardiões do Estado, que é liberado por eles dos agentes considerados, por eles próprios, perigosos ou inúteis”. (Idem: 336). 

Ianni não atribui a autonomia absoluta do Estado em relação à sociedade de classes como o faz Rouquié.   

O Estado bürokratie fascista civil-militar é do período pós-1968. Ao contrário de Octávio Ianni, Caio Prado publicou seu livro no período da democracia castelista vigiada. Rouquié não leva em consideração o fenômeno o “Sistema” que cria a primeira tela da impolítica militar udenista com um lado visível e outro invisível. O Estado fascista é o Estado dentro do Estado visível militar que os jornalistas, Rouquié e os cientistas políticos americanos identificam como o único Estado, ao contrário de Ianni.

Vejam a descrição do Estado bürokratie fascista militar:
“No interior do aparelho estatal, desenvolveu-se vasta burocracia civil e militar. Para operar a máquina do Estado, em suas atividades econômicas, políticas, policiais, militares, culturais, educacionais e outras, o bloco de poder desenvolveu e diversificou o pessoal burocrático. Em todos os setores da sociedade brasileira e em todas as suas regiões, áreas e lugares, em todos os recantos da vida do povo – no público e no privado – o aparelho da ditadura passou a influenciar e interferir. Para isso, o bloco de poder acionou vasta burocracia civil e militar. Razoável contingente dessa burocracia compõe-se de tecnocratas. Compõe-se de funcionários categorizados, nos diferentes ministérios, superintendências, conselhos, secretarias, empresas, etc. que compõem o aparelho burocrático de Estado. São milhões de funcionários públicos – burocratas e tecnocratas – que operam a máquina estatal da ditadura. Dentre os mais categorizados desses burocratas e tecnocratas muitos são militares, ou provenientes do meio militar. É claro que esse é um aspecto importante da fisionomia e dos interesses do bloco de poder que passou a dominar a sociedade brasileira. Há um quê de geopolítica nisso tudo”. (Ianni. 1981: 182).        

Este Estado bürokratie militar está sob comando do ‘Sistema’ militar-civil fascista:
“Melhor ainda, mais eficaz e mais direta essa metamorfose quando a tecnocracia pode atuar sob condições de uma ditadura de caráter fascista. Sob a proteção do poder estatal fascista. Por dentro do Sistema, enquanto aparelho indefinido, mais eficaz, invisível, mas brutal, clandestino, mas todo-poderoso, a tecnocracia civil e militar se constitui como órgão estatal dos movimentos e metamorfoses econômicos e políticos dos interesses da grande burguesia financeira e monopolista. É assim que a ditadura militar desenvolve e aperfeiçoa algumas dimensões fascistas do Estado burguês no Brasil”. (Ianni. 1981: 186).

Este fenômeno político supracitado deixa para trás as ideias de Azevedo Amaral sobre o público e o privado colonial como unidade mínima gramatical significante na nossa história depois de 1938? As ideias de Amaral estão mais adiante!

Porém, Ianni ainda diz sobre o Sistema:
“Os próprios governantes têm interesse em que o Governo, o regime, o Estado e outras modulações do Estado fascistóide instalado no Brasil apareçam diluídas, encobertas, ambíguas, minimizadas ou misteriosas, sob a expressão Sistema. Apesar das fabulações ideológicas, no entanto, o Sistema é um aparelho de poder real, inquestionável. Ele é invisível, secreto, clandestino, mas ativo, onipresente, todo-poderoso e brutal. Baseado no poder do capital e no monopólio da violência militar-policial, o Sistema divide e separa os cidadãos em confiáveis e suspeitos, militares e paisanos, otimistas e pessimistas, patriotas e inimigos, subversivos e corruptos, dóceis e rebeldes, fascistas e comunistas. Sob vários aspectos, os governantes, camuflados sob o Sistema, pensam e agem de forma fascista: em geral boçal e brutal, contra todos os que não concordam com eles e decidem falar, questionar, opinar”. (Ianni. 1981: 186). 
                                                                          III

Em 1966, Caio Prado observou a presença do fenômeno força prática bürokratische na vida brasileira. Fato que a ideologia stalinista do PCB estava fadada a não ver aconselhada por uma preparação de militantes que desconheciam o Marx científico da revolução social:
“Há ainda que acrescentar os fatores desfavoráveis à revisão e reelaboração sob novas bases da teoria da revolução brasileira a longa fase de acentuado dogmatismo que imperou em todo o pensamento marxista, como fruto dos graves erros do stalinismo. Dogmatismo esse que, em países culturalmente imaturos como o Brasil, teria necessariamente muito ampliadas, como teve de fato, suas nefastas consequências”. (Prado Jr: 20).   

O stalinismo faz da teoria da prática revolucionária brasileira a esfera do Imaginário sartreano no comando da política marxista. A imagem da coisa no comando da ideologia gramatical da coisa:
“E, é por isso que os esquemas imaginários que passam no Brasil por interpretação explicativa da nossa realidade, e nos quais se funda a teoria revolucionária brasileira consagrada, não guardam com os fatos reais senão uma longínqua relação”. (Idem: 21).

Por isso, tal teoria stalinista imaginária estava divorciada da prática da cultura da política da economia do PCB. Cultura da política que impediu que o PCB caísse no terrorismo urbano checastrista que foi uma das causas da instalação do Estado bürokratie fascista civil-militar, entre nós.

A linha política gramatical do PCB estava correta quanto à forma que a política de oposição deveria assumir contra o Estado militar liberal 1964 castelista, apesar de sua grosseira teoria stalinista. Com efeito, a prática da política do PCB não tinha em seu comando a teoria virtual stalinista. A prática era uma atualização da cultura da política econômica das lutas do PCB que não queria trocar o significante luta (indo até a stásis de massas urbanas, se necessário) pelo significante pólemos do terrorismo urbano. A prática da política antecipava as páginas certeiras de um livro da década de 1990 que definia a diferença entre luta e guerra (PHILONENKO: 183-186). É claro que esse PCB foi transformado em pó da cultura política da economia brasileira durante o Estado bürokratie fascista civil-militar.  

Para entender Caio Prado é preciso partir de seu significante capitalismo precário brasileiro:
O que define o capitalismo como sistema específico de produção, como se dá com respeito a qualquer outro sistema, são relações humanas de produção e trabalho, isto é, o complexo de direitos e obrigações que se estabelecem entre indivíduos humanos participantes das atividades produtivas, e que definem e determinam a posição respectiva desses indivíduos uns com respeito aos outros. No caso do capitalismo, são tais posições respectivas e relações aquelas que fazem, de uns, proprietários e detentores do capital; de outros, trabalhadores que dispõem e cedem por venda aos primeiros, a sua força de trabalho. Onde ocorrem essa categoria e esse tipo de relações de produção e trabalho – e é esse o caso da maior e melhor parte da agropecuária brasileira – temos capitalismo, seja embora um capitalismo rudimentar, incipiente e de baixo nível tecnológico e de desenvolvimento, como de fato se dá, generalizadamente e com poucas exceções, na agropecuária brasileira”. (Prado Jr: 92).       

Aí nesse capitalismo o proletariado rural já desponta como o princípio teológico materialista racional da era da precarious social grammar class (relação de direito entre o capital e o trabalho)Fazendo pendant como tal fenômeno temos a junção da periferia RSI do real da economia burguesa com o simbólico do Estado: a força prática bürokratie fascista:
“Essa diferenciação no seio da burguesia se prende ao papel desempenhado pelo Estado, ou antes pelo governo que o encarna, na economia nacional e, em particular, no progresso das formação e acumulação privada de capital através do favorecimento pelo poder público de interesses particulares. É certo que o enriquecimento de indivíduos direta ou indiretamente pela ação pública, e por meios que vão desde o simples favoritismo mais ou menos velado, até as formas ilícitas e a corrupção caracterizada, se encontra em qualquer país ou regime. No Brasil, contudo, e na generalidade dos países subdesenvolvidos do mundo moderno, como aliás tem sido frequentemente assinalado, esse enriquecimento mais ou menos ilícito à custas e por conta do poder público não somente atinge proporções  excepcionais em confronto com as formas ordinárias e normais de acumulação capitalista, mas ainda deixa de constituir simples ocorrência excepcional e marginal para se tornar um sistema, que se pode considerar consagrado e institucionalizado, representando papel de grande relevo no conjunto da economia do país. Não se trata unicamente de abusos individuais de responsabilidade de ocupantes de cargos públicos, ou mesmo de corrupção generalizada e prática habitual de atos lesivos do patrimônio público, por parte de políticos, administradores e círculos que que deles se servem. Não é somente isso, nem isso é o principal na matéria que nos interessa aqui. O que sobretudo conta e torna o enriquecimento privado à custa e em função do poder público em verdadeira categoria econômicae forma específica de acumulação capitalista de grande vulto, é o fato de se ter  constituído na base das atividades e funções estatais, toda uma esfera especial de negócios privados proporcionados pelo poder público e sistematicamente promovidos pelos detentores desse poder em benefício próprio e dos indivíduos e grupos a que se ligam e associam. Em todos os setores da administração estatal e paraestatal em que se oferecem perspectiva de negócios, logo se insinuam e inserem interesses e iniciativas privadas a se prevalecerem delas. Organiza-se assim generalizadamente em torno da administração pública uma densa trama de negócios particulares, que direta ou indiretamente se alimentam e mantém à custa das funções públicas”. (Prado Jr: 106-107).

O que significa “O que sobretudo conta e torna o enriquecimento privado à custa e em função do poder público em verdadeira categoria econômica e forma específica de acumulação capitalista de grande vulto”? Não se trata da constituição de uma força prática bürokratie fascista econômica capaz de destruir um regime político liberal-democrático? O regime 1988 do bolivariano liberal-democrático foi desarticulado, desmontado, triturado, esmigalhado  por causa de uma  força prática bürokratie fascista que se constitui em categoria econômica (sistema), portanto, em um sistema moderno econômico de corrupção privado-público, sociedade civil-sociedade política, classe econômica privada do burguês fazendo pendant com partidos políticos (o PT no centro da força prática bürokratie fascista) e com a quase totalidade do estrato político força prática bürokratie fascista que domina o Congresso nacional.      
          
                                                                         IV

Precarious social grammar class significa que o proletariado não tem direito a ter direito aos direitos do Estado Providência, em resumo, que, no liberalismo do século XVIII, o pobre não tem direito a ter direitos. (Ewald: 55). Há um laço gramatical entre o século XVIII liberal selvagem e os ataques e o combate aberto da força prática bürokratie fascista-liberal contra o Estado getulista de direitos das massas do trabalho? Robert Castel resume, na França, a gramática em narração lógica que se chamará mais tarde o Estado providência. (Castel: 254-255).     

A força prática bürokratie fascista-liberal tem uma história que se liga à tradição burocrática da monarquia bragantina (Prado Jr: 107). Esta tradição se transformará em uma burguesia burocrática:
“Esse ‘capitalismo burocrático’ (chamemo-lo assim de um nome já consagrado na literatura político-econômica da atualidade, e que se aplica, com toda propriedade, ao caso brasileiro) tem um papel político relevante. Sobretudo porque, dada sua própria natureza e as circunstâncias econômicas em que se apoia, o capitalismo burocrático exerce influência preponderante na condução dos negócios públicos. Seus interesses, na maior parte das vezes, primam sobre os do outro setor da burguesia que não têm, como ele, vinculações diretas, imediatas, e tão íntimas com a administração pública. Embora fundamentalmente esses interesses coincidam (trata-se essencialmente, num e noutro caso, de interesses burgueses), com frequência divergem e são mesmo antagônicos. Esse antagonismo decorre, sobretudo, da posição respectiva dos dois setores burgueses em frente à intervenção estatal e à ação do poder público no domínio econômico. Enquanto o capitalismo burocrático se vincula diretamente a essa intervenção e ação, e faz especificamente dela o seu próprio negócio, para o outro setor da burguesia a intervenção estatal no domínio econômico se justifica, e assim é interpretada, unicamente como promoção dos interesses gerais do capital e da iniciativa econômica privada”. (Prado Jr: 108).

O fim do regime do bolivariano 2003 foi ter se tornado a força prática bürokratie fascista econômica do capitalismo burocrático (como sistema) que assumiu o lugar de força de articulação da hegemonia do bloco-no-poder (em relação as massas simbólicas antagônicas a ela dos de cima e também em relação as massas simbólicas dos de baixo). Trata-se de uma atualização ipsis litteris do texto virtual de Caio Prado de 1966!  

 SOCIOLOGIA PAULISTA E FREUD (ideologia de FHC que invade o real: o industrial capitalismo dependente)
Um problema que deve ser tratado é o do psicologismo (FHC: 11, 18) na cultura brasileira das ciências sociais (sociologia, ciência política, historiografia). FHC rechaça-o violentamente seguindo a orientação teológica racional materialista da alta cultura marxista da cidade de São Paulo sob comando da USP. Tal problema foi tratado no livro que trata da história da ideologia da cultura brasileira? Não tem Freud na bibliografia deste livro-texto protagonista sobre a cultura da cidade de são Paulo. No capítulo sobre Gilberto Freyre e o significante de Freyre ideologia da cultura brasileira não tem o menor vestígio de Freud. O autor Mota está mais preocupado como uma tal de ideologia da democracia racial de Gilberto (Mota: 55):
“O que está em pauta, antes de tudo, é saber até que ponto fórmulas regionalistas estreitas ou em contrapartida, universais demasiada genéricas, encobrem a história das relações de dominação em que mitos como o da democracia racial e do luso-tropicalismo servem ao fortalecimento de um sistema ideológicos no qual se perpetua a noção de cultura brasileira”. (Mota: 59).  

Em se tratando das ideologias do século XX, Mota desconhecia que Gramsci diz ser o freudismo a última importante ideologia da cultura da política da economia ocidental do industrialismo ou americanismo(Gramsci: 1833, 2140, 2160).  

Tal ideologia freudiano articulou-se à cultura brasileira a partir da década de 1920 e 30 com Oliveira Vianna, Manoel Bomfim, Gilberto Freyre do Casa-Grande e Senzala [e a psicanálise citada no livro de Gilberto Sobrados e Mocambos] e quanto ao pensamento autoritário usaremos o autor Azevedo Amaral.

a)      AZEVEDO AMARAL E FREUD = psiquismo.   
No livro de sociologia historial, O Estado autoritário e a Realidade Nacional, Azevedo Amaral fala da articulação entre cultura e política:
“Abordar temas políticos, procurando aplicar-lhes quaisquer aptidões da inteligência ou os frutos do esforço para a aquisição da cultura, era uma extravagância severamente reprimida. Além disso, tratar da política sem ser senador ou deputado constituía evidentemente uma anomalia para o regime, em que cuidar da cousa pública era um ofício especializado como o de barbeiro ou de engraxate.
O Estado novo realizou a esse propósito uma transformação radical imediata. A nação não é mais o vasto rebanho, cujo destino era apenas pagar impostos e levar às urnas os nomes ilustres dos dinastas da República.  Nação e estado estão hoje identificados e, com o desaparecimento dos políticos profissionais, a Política tornou-se matéria sobre a qual cada cidadão, por mais humilde que seja, tem não apenas o direito, mas o dever de formar opiniões e de pronunciar-se com a esperança de atuar na direção do Estado com a parcela mínima dos frutos de sua experiência pessoal”. (Amaral: 7-8).

A Constituição de 1937 continha a ideia de uma liberdade da cultura que se, traduzia pelo uso dos intelectuais na condução das ideias da administração do Estado Novo. (Amaral: 174). A ideia da classe simbólica substituindo a classe política no governo do Estado administrativo aparece em Azevedo Amaral.  

No mínimo no Estado fascista populista civil, o intelectual adquire o direito de fazer parte da política. Entre os intelectuais fascista na condução do governo getulista destaca-se Francisco Campos, o autor do evangelho fascista getulista O Estado nacional. Sua estrutura e seu conteúdo ideológico (1941).

É um fato civilizacional a política ser articulada à um bloco formal cultural freudiano no Estado Novo? Azevedo diz:
“Mas o imprescindível predomínio dos elementos inerentes às condições intrínsecas da sociedade e ao meio em que ela se encontra, não exclue a influência de correntes provindas do exterior e que, com maior ou menor intensidade, atuam na orientação do desenvolvimento histórico de qualquer coletividade. Exceto em circunstâncias extremamente peculiares, nenhum povo jamais conseguiu imunizar-se completamente da infiltração de idéias e exemplos que vieram a ser assimilados, integrando-se na plasmagem evolutiva das suas instituições”. (Amaral: 11-12).      

Freud aparece, latentemente, em Azevedo pelo significante psiquismo:
“Uma colônia é um enxerto sociológico que se fixa no ambiente onde se inserem, cria ali raízes, absorvendo vitalidade das forças circundantes, mas conservando com extraordinária tenacidade a sua autonomia psíquica”. (Amaral: 12-13).

A leitura da ideologia freudiana se faz através da ideia do significante psíquico ligado à nação: psiquismo nacional. Trata-se de uma leitura que não é freudismo como ideologia do homo clausus, mas se trata da ideologia freudiana adaptada como cultura política: valores compartilhados em um psiquismo nacional. Na conjuntura das décadas de 1930 e 40, há o choque da transdialética ideológica freudiana (pois, a dialética freudiana escapole para o campo da cultura política) entre o psiquismo fascista e o psiquismo liberal-democrático.

O uso do termo psiquismo coletivo não é algo, exclusivamente, de um delírio autoritário fascista na apropriação de Freud. Vejam o uso do termo psíquico por Paul Lévy: “Da Socialização das funções somáticas ao autocontrole dos afetos ou do humor pela bioquímica industrial, nossa vida física e psíquica passa cada vez mais por uma ‘exterioridade’ complicada na qual se misturam circuitos econômicos, institucionais e tecnocientíficos”. (Lévy: 27).   

                                                PSICOLOGIA, FHC E WEBER

O significante psicologismo de FHC é o divisor de águas na ideologia da cultura brasileira. O psicologismo é a era da ideologia freudiana no comando da ideologia cultura brasileira. A falta de psicologismo é o que caracteriza a ideologia cultura da cidade de São Paulo uspiana sob comando da sociologia, da ciência política, da economia política, literatura e da historiografia com Caio Prado como rhetor percipio do Partido da filosofia uspiano que eclode na década de 1930 em luta aberta contra a ideologia freudiana em geral (usada pela esquerda e pelos autoritários). Claro que me intrometo com um novo modo de ver (e de reflexão) - a relação entre cidade, cultura e política. Trata-se da articulação desses três fenômenos e um bloco formal cultural gramsciano.

O psicologismo que FHC atribui a uma rejeição de Weber é totalmente desautorizado pelo uso volumoso e maciço uso da psicologia em Weber

Em Weber encontramos a discussão sobre o significante psicologia e o tal psicologismo de FHC: “O ‘impulso para o ganho’, a ‘ânsia do lucro’, de lucro monetário, de lucro monetário o mais alto possível, não tem nada a ver em si com o capitalismo. Esse impulso existiu e existe entre garçons, médicos, cocheiros, artistas, prostitutas, funcionários corruptos, soldados, ladrões, cruzados, jogadores, e mendigos – ou seja em toda espécie e condições de pessoas, em todas as épocas de todos os países da Terra, onde quer que, de alguma forma, se apresentou, ou se apresenta, uma possibilidade objetiva para isso”. (Weber: 4).

Impulso para o ganho é pulsão pelo lucro. Trata-se de uma categoria psicológica negativa necessária para a compreensão e explicação do capitalismo. O capital moderno nada tem a ver com a psicologia das pulsões humanas. A pulsão por lucro é da ordem do irracional. E o capitalismo moderno?
“Onde a apropriação capitalista é racionalmente efetuada, a ação correspondente é racionalmente calculada em termos de capital”. (Weber: 5).
O interesse principal de Weber é a história universal da cultura econômica e, tendo como centro tático: “as origens desse sóbrio capitalismo burguês, com sua organização racional do trabalho” (Weber: 9).

A história da cultura econômica “não é tanto o desenvolvimento da atividade capitalista como tal, diferindo nas várias culturas apenas na forma: o tipo aventureiro, - ou o capitalismo do comércio, na guerra, na política, ou na administração como fonte de lucro”. O “burguês” existia antes do burguês moderno e há uma diferença entre eles elementar: O burguês moderno é um sujeito gramatical racional. Quantos aos outros burgueses, eles podem muito bem não serem um significante da sociologia racional, e sim um fenômeno da irracionalidade de pulsões econômicas do inconsciente de diversas culturas, continentes, povos e países. Portanto, trata-se de m significante da interseção da sociologia com a psicologia das pulsões que é a psicologia freudiana. O burguês moderno é um efeito da sociologia: do interesse econômico racional, da técnica industrial, do direito moderno, da ciência moderna, da ética protestante, da cultura da política da economia moderna da modernidade. Trata-se de uma categoria nobre!

O inconsciente em Weber não é um fenômeno desprezível na explicação/compreensão da história econômica universal. Weber desconsidera o psicologismo vulgar e ser algo ultrapassado basear a vida moderna em sentenças do tipo: “O católico é mais tranquilo tem menos impulso aquisitivo”; “Com efeito, esse ‘desejo de comem bem’, pode ser considerado uma característica correta, embora incompleta, da motivação de muitos protestantes, na Alemanha e na atualidade”. A relação ente psicologia e cultura universal é uma ideologia gramatical a qual Weber se contrapõe todo o tempo de montagem de seu discurso do político do sociólogo weberiano.

No entanto, ao contrário do supracitado, o capitalismo não é um fenômeno puramente racional sociológico, pois, ele está associado a uma “ética social” (ética do burguês) da cultura capitalista articulada ao campo dos afetos. Não é possível desligar no discurso weberiano a psicologia profunda do inconsciente (modo de ser irracional) da sociologia da racionalidade do burguês moderno. A cultura universal se faz com a periferia R.S.I. (Real/Simbólico/Imaginário) de combinação do racional com o irracional em diferentes configurações civilizacionais. No caso moderno:  
“E, na verdade, esta ideia do dever profissional, tão familiar a nós até hoje, mas, na realidade, tão pouco evidente, é a mais característica ‘ética social’ da cultura capitalista, e, em certo sentido, sua base fundamental. É uma obrigação que o indivíduo deve sentire que  realmente sente, com relação ao conteúdo de sua atividade profissional, não importando no que ela consiste e particularmente, se ela aflora com uma utilização de seus poderes pessoais ou apenas de suas possessões materiais (como ‘capital’) ”. (Weber: 33-33).

Para a relação entre sociologia da cultura capitalista moderna e psicanálise das pulsões do burguês em geral cito uma das belas páginas de Weber:
“Se o capitalismo não pode, como aprendemos de Franklin, utilizar-se de homens de negócios que pareçam absolutamente inescrupulosos, em suas relações com outrem, menos ainda pode fazer uso do trabalho daqueles que praticam a doutrina do liberum arbitrium indisciplinado. Assim, a diferença não repousa no grau de desenvolvimento de qualquer impulso de ganhar dinheiro. A auri sacra fames é tão velha quanto a história do homem. Veremos, pois, que aqueles que se submeteram a ela sem reservas, num impulso incontrolado – como o capitão do mar holandês que ‘por lucro passaria pelo inferno, mesmo que nele queimasse suas velas’ – não são absolutamente os representantes daquela atitude mental da qual deriva o espírito capitalista especificamente moderno como um fenômeno de massa, e é o que nos importa”. (Weber: 36).

Na página 47, Weber diz que: “lhe parece explicável como o produto de um instinto perverso, a auri sacra fames”. O instinto é uma noção da psicologia profunda. Mostro agora que no Weber da cultura econômica universal a psicologia faz pendant com a sociologia da racionalidade:
“O luteranismo constitui até, um certo sentido, um retrocesso com relação aos místicos, na medida que os fundamentos psicológicos de sua vocação ética racional (cuja atitude mística é uma herança, parte do pietismo, parte, da psicologia religiosa do quakerismo”. (Weber: 58).

A relação do tipo ideal de Weber com a psicologia do significante salta aos olhos pois o tipo ideal é o significante gramatical em narrativa lógica de invasão do real do seer de determinadas sociedades em determinadas épocas (realidade histórica weberiana), como é o caso do significante gramatical capitalismo moderno:
“Naturalmente, somente podemos fazer isto apresentando estes pensamentos religiosos sob a forma de tipos ideais, que raramente podem ser encontrados na realidade histórica. Justamente por causa da impossibilidade de traçar limites nítidos na realidade histórica, podemos apenas esperar compreender sua importância específica através de uma investigação em suas formas lógicas e consistentes”. (Weber: 67).

Um outro método de alcançar o significante tipo ideal é pela gramaticalização do inconsciente do discurso do político do weberiano. Para finalizar, a noção de ascese, para ser mais clara, faz pendant como o significante supereu freudiano e Calvino é o sujeito gramatical supereu, por excelência, weberiano (Weber: 83, 89).
                     
     
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Portanto a não ser que FHC não tenha lido Weber, se trata mesmo do enjeitado Freud (Nietzsche: 435) que se transforma em uma vontade de potência de saber que eclode no século XXI - na cultura da cidade e da política – como ideologia filosófica lacaniana de esquerda NIILISTA?

Aliás, o esforço do professor parisiense convidado da USP Roger Bastide, ao publicar o Sociologia e Psicanálise (1974), talvez tenha alterado o enjeitamento de Freud na cultura da cidade de São Paulo e o recebido como ideologia liberal e democrática? Talvez, pois, se faz necessário uma investigação mais intensa, e cautelosa, para chegar a tal conclusão sobre a cultura da cidade na década de 1970.

O mais curioso é que FH usa o conceito de ideologia de Althusser para montar seu livro das ideologias das burguesias industriais latino-americanas, pois, segundo FH a ideologia: “Sopone como escribió Althusser, una relación real, una relación vivida y una relación imaginaria”. (Cardoso: 47). Na bibliografia do livro de FH em tela temos o Althusser freudiano e até lacaniano (o conceito de ideologia de Althusser é ininteligível sem Freud e Lacan) do Pour Marx (1965) e o Lire le Capital (1965). O Freud e Lacan, de Althusser, é de 1964. Curiosamente. Este é um período da ligação de FH com a cidade do Rio e cidades latino-americanas. FH disse a respeito desse livro: “esqueçam que o escrevi”. 

Através do significante ideologia de Althusser, FH se liga ao freudismo da cultura brasileira da década de 1930 supracitada, considerada o crème de la crème do autoritarismo conservador. Ele deve ter sido objeto de muita rejeição depois que Caio Prado Jr. baniu Althusser da cultura da cidade de São Paulo com o seu texto Marxismo de Louis Althusser.      

No século XXI, alterou-se completamente o equilíbrio de força entre a ideologia freudiana (ou melhor ideologia do campo lacaniano freudiano) e a cultura não mais da cidade de São Paulo, mas do estado de São Paulo. Uma sociedade disciplinar foucaultiana invadiu a sociedade estadual paulista e o símbolo dela é o Hospital psiquiátrico Lacan em uma cidade do interior paulista. Tal cultura da política da economia disciplinar paulista é a restauração da linha de força gramatical da ideologia freudiana autoritária fascista das décadas de 1930 e 40?       

                                                O CASO BRASILEIRO.  AZEVEDO AMARAL

O que a sociologia da cidade de são Paulo tinha que enfrentar em relação à ideologia gramatical autoritária fascista?

A colonização lusitana é uma cultura universal econômica na qual um Estado metropolitano imperial colonial institui unidades mínimas gramaticais entre o insignificante político (laço ínfimo, descartável, desnecessário, irrelevante) e o não—significante. Ambos não fazem laço gramatical de sentido. No essencial, se aproxima do laço fonético que não gera um habitat gramatical que dê margem à interpretação de sentido da política pelo mundo privado colonizado. Esta gramática da dominação do fonema ou do insignificante são principalmente dois:

a)      Gramática do antagonismo entre interesse privado e interesse público, estabelecido pela forma do Estado metropolitano, governado pela nobreza ariana lusitana. Para o governo metropolitano a colônia é um espaço de exploração econômico espontâneo, sem nenhum planejamento estatal. A exploração da riqueza colonial não contempla nem o retorno mínimo de parcela da riqueza para as necessidades mínimas da vida colonial, pelo Imperii português. Não se trata de uma relação de troca que instituiria um mínimo de laço gramatical político de sentido entre metrópole e colônia. Tal fenômeno gera um campo afetivo de ódio do pessoal do mundo dominante da sociedade privada colonial pelo domínio do público estatal governado por nobres arianos lusitanos. (Amaral: 22)   
b)        A outra unidade mínima gramatical é a insignificância e inadequação como atributo do grupo governante no exercício de suas funções políticas. O efeito de uma nebulosa sociológica que dará os atores nebulosos determinantes na evolução do país até a década de 1930. (Amaral: 22)
c)       Outro traço gramatical importante é o papel da miscigenação na cultura ligada à política em geral. Intelectuais mestiços niilistas (parasitários revoltados na linguagem racial fascista de Amaral) ocupam posições subalternas nos estratos baixos do aparelho administrativo introduzindo o elemento cultural da autoridade disciplinadora frouxa, que descaracteriza a gramática em narração lógica hierárquica disciplinadora do Imperii.   

A partir desses elementos gramaticais em tela falar de uma cultura conservadora hierárquica autoritária torna-se um problema que remete para a forma de ideologia espontânea gramatical colonial existente atravessada de antagonismos (principalmente racial) que quebram a gramatica da teoria-prática disciplinadora tradicionalista imperial lusitana. O que a cultura moderna fascista deveria combater era a democracia racial indisciplina dos intelectuais mestiços nos baixos estratos do aparelho de Estado patrimonial.

Os livros sobre o mundo colonial de Caio Prado e os livros de Florestan Fernandes (A integração do negro na sociedade de classes em 2 volumes), Fernando Henrique (Capitalismo e escravidão no Brasil meridional) e Octávio Ianni (Raças e classes socais no Brasil) se sobressaem na luta e diálogo contra a visão de um Brasil fascista colonial da década de 1930.

Os uspianos apresentam um mundo colonial até o final do século XX como herança de uma cultura racializada como instrumento de um domínio férreo da classe dominante privada que se serve de um Estado cuja forma de governo permanece semelhante à gramática da teoria-prática metrópole-colônia dos de cima em relação aos de baixo. A instituição cultural USP deveria ser um instrumento intelectual para transformar tal estado de coisas nacional começando pela cidade de São Paulo. FHC concorreu à prefeito de São Paulo com um carcomido e trôpego Jânio Quadros e perdeu a eleição na década de 1980. Há um abismo entre razão e política na polis paulista?

A relação da USP com os intelectuais fascista do Estado Novo requer um ensaio próprio. Creio que já provei, minimamente, que o problema da cultura da cidade de São Paulo (a partir da Revolução de 1930) foi a de pôr no lugar das várias formas de ideologia gramatical autoritária freudiana uma ideologia democrática, servindo o marxismo também como gramática teoria-prática de uma força prática burocrática democrática da polis paulista. O governo de Fernando Haddad seguiu tal linha ideológica gramatical em tela. Infelizmente, a política da serpente kantiana (astúcia) sem a política kantiana da pomba socrática jogou na lata do lixo de acusação de corrupção o competente governo democrático marxista uspiano de F. Haddad.              

AZEVEDO AMARAL – RHETOR PERCIPIO DO POPULISMO AUTORITÁRIO GETULISTA.

Um professor que tive na década de 1980 (antigo antropólogo do Museu Nacional) me disse que o livro de Azevedo Amaral em tela era o livro sobre política mais importante já publicado no Brasil. Ele sabia que um dia, o livro de Amaral, encontraria em um marxista (não marxista) o seu leitor brasileiro?

O Estado Autoritário e a Realidade Nacional é, sem sombra de dúvidas, o mais significativo livro da história da cultura da política da economia brasileira da década de 1930. Os velhos sociólogos uspianos sabiam de tal fato?

A discussão do livro é a seguinte: Com o populismo democrático-autoritário de Getúlio Vargas do Estado Novo, o Brasil encontrou sua forma de governo naturalis. Uma forma de governo na qual a história do Brasil fazia pendant com a conjuntura ocidental do capitalismo corporativo mundial. Sobre este fenômeno, talvez, meu livro Capitalismo corporativo mundial retome no campo freudiano as ideias de Amaral sobre a discussão do capitalismo corporativo mundial para o período pós II Guerra (Bandeira da Silveira: 174, 208, 267).     

Na conjuntura supracitada, Amaral diz que o capitalismo liberal sofreu uma spaltung e metamorfose em direção ao capitalismo corporativo mundial de produção de mercadorias maciça, deixando para trás o individualismo liberal do capitalismo do burguês liberal. Isto significou o fim das lutas de classes entre o burguês capitalista liberal e o proletariado tout court e, por conseguinte, da gramática teoria/prática de Marx. Podemos deduzir que como governo totalitário, stalinismo e fascismo (e o nazismo) são um efeito do significante gramatical articulação da hegemonia-dominação do capital corporativo mundial sobre o planeta. O leitor pode conferir minha gramaticalização de Amaral, lendo-o! O livro de Azevedo é estupendo!

As lutas de classes do liberalismo-democrático foram substituídas por uma aliança, cooperação e luta industrial entre o capital corporativo e o trabalho corporativo. Esta seria a forma de populismo corporativo que sustentou o regime de Roosevelt na América por bem mais de uma década em um regime político de eleição indireta com sufrágio universal existente também na Escandinávia, Grã-Bretanha, Holanda, Suiça e de certa forma nos EUA (Amaral: 187).

O neo-capitalismo (Amaral: 180) também produziu o efeito Estado Novo e sua Constituição de 1937 apelidada de Polaca: “Na letra a) do art. 61 da Constituição, define-se como uma das atribuições do Conselho da Economia Nacional a organização corporativa da economia brasileira”. (Amaral: 174).
Esta letra a criava, segundo Amaral, a aparência da semblância de um Estado Novo fascista. Amaral prova por a mais b que o Estado Novo não é um governo totalitário, e sim autoritário-democrático. Mas o próprio Azevedo diz que o jornalismo italiano (e alemão) propagou a ideia de um Estado Novo e de uma Constituição da ideologia gramatical do fascio (Idem: 163, 175). Amaral diz, com todas as letras, que a aparência da semblância do governo estadonovista getulista é uma ideologia gramatical fascista. Seria facilmente possível imaginar uma burguesia fascista nacional (Idem: 157) pela intimidade gramatical de Getúlio com o integralismo fascista de Plínio Salgado (Idem: 162). O Estado Novo aparece como o comitê central do nosso burguês fascista personificado em Vargas.

Azevedo Amaral tem êxito em demonstrar, cientificamente, que o getulismo do Estado Novo não é totalitário. Não o é como as formas de governo stalinista, fascista e nazista. Curiosamente, encontramos a ideia de totalitarismo relacionado a todas as ditaduras monopartidárias, abrangendo tanto o fascismo, o nazismo e o comunismo na década de 1930. Assim, empregou a ideia de totalitarismo Georges H. Sabine: “no verbete ‘Estado’ da Encyclopaedia of the social Science (1934). (Bobbio: 1247-48). 

O Estado Novo é o governo do UM, do discurso do Um do político do Getúlio. Daí sua caracterização cair na classificação de populismo: governo do chefe carismático. Então, o Estado Novo e sua Constituição aparecem como a realidade do real populista democrática-autoritária cum aparência de semblância fascista ou nazista. Esta é a verdadeira definição do significante gramatical getulista de 1937-1943. Devemos a Azevedo Amaral a conceituação descritiva gramatical dessa verdade sobre o populismo democrático-autoritário estadonovista.

Não sei ao certo se a sociologia de FHC e Octávio Ianni e a ciência política de FHC sabiam que Azevedo Amaral é o rhetor percipio do populismo democrático-autoritário que invadiu o real da realidade da sociedade formal liberal-democrática 1988. Sei que ninguém da direita ou da esquerda [tradicional] mencionou tal fato até agora. Uns e outros parecem ter medo da verdadeira realidade brasileira. 

Precisamos dar um salto da conjuntura do amaralismo para uma conjuntura que começa com o Estado militar. Espero que o leitor não deprecie tal ato do método da gramaticalização do real da verdadeira realidade brasileira.

Os livros de Ianni Ditadura do Grande capital e O Ciclo da revolução burguesa transformam a aparência de semblância fascista da sociedade brasileira em um fenômeno real fascista da realidade nacional:
“A instalação da ditadura militar, a partir do Golpe de março de 1964, representa a vitória da opção ‘capitalismo dependente’ ou ‘associado’. Com a ditadura militar, o poder econômico desenvolvido principalmente em 1956-60, conquistou o poder político. A ditadura, o Estado fascista criado desde 64, representam a vitória de um novo e poderoso bloco de poder, sob o mando dos interesses da burguesia”. (Ianni. 1984: 108). Na cultura da política da economia da cidade de São Paulo, o significante fascista dependente e/ou associado faz laço gramatical com Azevedo Amaral fazendo pendant com a cultura internacionalista marxista.

Creio não ser um exagero dizer que o livro de Florestan A Revolução Burguesa no Brasil faz um laço gramatical manifesto como Azevedo Amaral até na terminologia. Já vimos que Amaral fala de uma democracia-autoritária de 1937-1945. Em sua interpretação e explicação bem mais sofisticada do que a de Amaral, Florestan fala da dominação burguesa ou modelo autocrático-burguês da contra-revolução prolongada burguesa em uma transfiguração de uma força prática burocrática autoritária-totalitária:
“No fundo, a referida reviravolta confere novos fundamentos psicológicos, morais e políticos ao enrijecimento da dominação burguesa e à sua transfiguração numa força social especificamente autoritária totalitária”; (Fernandes. 1976: 316).

Falar em totalitarismo em 1976 é se filiar às correntes marxistas que falavam de totalitarismo na democracia americana da década de 1950 adiante e na francesa na década de 1970. É remeter a Amaral também sobre o autoritarismo da democracia (elementos de fascisation) da primeira metade do século XX na França e Grã-Bretanha (Amaral: 1967-1969). Sobre a França, Poulantzas diz:
“Il concerne non pas simpliment les limites à la démocratie représentative et aux libertés que l’Etat actual comporte dans sa régularité ‘démocratique’ même, mais précisément les élements de fascisation  de tout Etat capitaliste. A l’encontre cette fois-ci de ceux qui célèbrent une différence d’essence entre les diverses formes démocratiques (l’ ˂Etat libéral>) et les totalitarismes, tout les deux présentent, sous leur aspect capitaliste, certain traits comuns. Cet traits, outre l’appartenance éventuelle de ces Etat à une même phase du capitalisme (renforcement de l’exécutif dans le New Deal rooseveltien et l’Etat fasciste d’antan), tiennent aux racines du totalitarisme. Tout forme démocratique d’Etat capitaliste comporte des tendenes totalitaires”. (Poulantzas: 232).

No livro A ditadura em questão (1982), Florestan retoma o problema do Estado fascista ao adotar o significante Sistema de Ianni como núcleo do poder militar fascista com aparência de semblânçia de um hiperpresidencialismo: “No jogo de aparências, estaríamos diante de um centralismo presidencial anômalo e nunca visto. A realidade abaixo dessa aparência de semblância é: “Na verdade, a vida política transcorre como se desenrolasse num teatro de marionetes, como o Sistema poderoso manejar a seu bel-prazer todos os organismos e funções do aparato de Estado e do governo, sem exceção. Em tal contexto, dois elementos foram explorados com desenvoltura pasmosa: o mais saliente vem a ser a movimentação do presidente como protagonista do Sistema que fala à Nação e comunica, como de sua inspiração ou decisão, a vontade predominante do Sistema”. (Fernandes. 1982: 18).

Ianni usa a ideia de luta de classes para falar da redemocratização de 1988, em 1984. Ele antecipa o Regime liberal-democrático 1988 como um efeito das lutas de classes generalizadas da sociedade civil de massas urbano-rural das classes subalternas e estratos inferiores da burguesia, sociedade civil tal como vista por Florestan Fernandes (Fernandes. 1982: 16-17). Tais lutas de classes em tela são a causa do recuo do Estado Fascista e sua ditadura militar:
“A crise da ditadura militar é bem a crise da contra-revolução burguesa. A mesma ditadura burguesa, de fachada militar, que levou longe a contra-revolução burguesa, essa mesma ditadura provocou, desde o seu início, um desenvolvimento surpreendente das contradições de classes”. (Ianni. 1984: 109).

Acredito que já mostrei que com a ciência da política gramatical de Azevedo Amaral se inicia um espaço procedural público transideológico, pois neste espaço desenvolve-se a leitura que permite a gramaticalização da nossa história política fascista a partir da década de 1930.           

                                   A INVASÃO DA IDEOLOGIA INDUSTRIAL DEPENDENTE

No plano do sudeste do país, FHC forneceu a ideologia gramatical realista para a invasão do capitalismo dependente e associado da sociedade do rico paulista e carioca e a derrota da cultura autoritária nacional-desenvolvimentista com sua raiz fascista na década de 30? Como ele fez tal proeza?

Ele ignorou o espaço procedural público supracitado e ignorou fenômenos como fascismo, totalitarismo, autoritarismo-democrático e principalmente a burguesia fascista ficcional natural (aparência de semblância) em qualquer período de nossa história. Ao contrário, ele acabou, no final, transformando a burguesia dependente associada em uma burguesia liberal como a força prática social da Constituinte e do Regime 1988, ambos liberal-democrático.

Não podendo recuar em sua interpretação ciclópica, sistemática, detalhada da constituição da burguesia dependente associada de banqueiros e industriais (Cardoso. 1971: 152) em vetor do Regime 1988, em 2917, FHC se torna o líder intelectual e moral do novo fluxo da contra-revolução autocrática-burguesa fascista.

O problema é que não se trata deste fenômeno supracitado. Se trata da contra-revolução em uma nova forma do capital mundial post-kapitalistischen, bürokratischen da modernidade fascista do século XXI.

Ianni, colega do departamento de sociologia da USP discordava cabalmente de FHC. Ele me disse que a ideologia do capitalismo dependente e associado foi uma criação não de empresários, e sim de FHC e Enzo Falleto. Esta ideologia jogou um papel importante não só na sustentação do Estado militar 1968 como na destruição desse mesmo Estado. FHC não se tornou o primeiro presidente eleito bolivariano do Regime 1988 democrático-liberal bolivariano por um mero acaso da Fortuna.

Ianni diz:
“A instalação da ditadura militar, a partir do Golpe de março, de 1964, representa a vitória da opção ‘capitalismo dependente’ ou ‘associado’. Com a ditadura militar, o poder econômico, desenvolvido principalmente em 1950-60, conquistou o poder político. A ditadura, o Estado fascista criado desde 1964, representam a vitória de um novo e poderoso bloco de poder, sob o mando dos interesses da burguesia. O ‘milagre brasileiro’, o ‘modelo brasileiro de desenvolvimento capitalista, a repressão, censura, tortura, assassinato, sequestro e muitas outras manifestações da economia política da ditadura (e sua ideologia dependente e/ou associado) tem muitíssimo a ver com a economia política da grande burguesia estrangeira e nacional”. (Ianni. 1984: 108). E, acrescento, tem a ver com FHC.
                                                           
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